Aptidões especiais dos médiuns. Quadro sinóptico das
diferentes espécies de médiuns.
Vamos fazer um resumo dos principais gêneros de mediunidade, a fim de
apresentarmos, por assim dizer, o quadro sinóptico de todas, compreendidas as que já
descrevemos nos capítulos precedentes, indicando o número onde tratamos de cada uma
com mais minúcias.
Grupamos as diferentes espécies de médiuns por analogia de causas e efeitos,
sem que esta classificação algo tenha de absoluto. Algumas se encontram com facilidade; outras, ao contrário, são raras e excepcionais, o que teremos o cuidado de indicar. Estas últimas indicações foram todas feitas pelos Espíritos, que, aliás, reviram este quadro com particular cuidado e o completaram por meio de numerosas observações e novas categorias, de sorte que o
dito quadro é, a bem dizer, obra deles. Mediante aspas, destacamos as suas observações textuais, sempre que nos pareceu conveniente assiná-las. São, na sua maioria, de Erasto e de Sócrates.
Podem dividir-se os médiuns em duas grandes categorias:
Médiuns de efeitos físicos, os que têm o poder de provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas.
Médiuns de efeitos intelectuais, os que são mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes.
Todas as outras espécies se prendem mais ou menos diretamente a uma ou outra
dessas duas categorias; algumas participam de ambas. Se analisarmos os diferentes
fenômenos produzidos sob a influência mediúnica, veremos que, em todos, há um efeito
físico e que aos efeitos físicos se alia quase sempre um efeito inteligente. Difícil é muitas vezes determinar o limite entre os dois, mas isso nenhuma conseqüência apresenta. Sob a denominação de médiuns de efeitos intelectuais abrangemos os que podem, mais particularmente, servir de intermediários para as comunicações regulares e fluentes.
Espécies comuns a todos os gêneros de mediunidade
Médiuns sensitivos: pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos, por uma impressão geral ou local, vaga ou material. A maioria dessas pessoas distingue os Espíritos bons dos maus, pela natureza da impressão. "Os médiuns delicados e muito sensitivos devem abster-se das comunicações com os Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí resulta."
Médiuns naturais ou inconscientes: os que produzem espontaneamente os fenômenos, sem intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia.
Médiuns facultativos ou voluntários: os que têm o poder de provocar os fenômenos por ato da própria vontade.
"Qualquer que seja essa vontade, eles nada podem, se os Espíritos se recusam, o
que prova a intervenção de uma força estranha."
Variedades especiais para os efeitos físicos
Médiuns tiptólogos: aqueles pela influência dos quais se produzem os ruídos, as pancadas. Variedade muito comum, com ou sem intervenção da vontade.
Médiuns motores: os que produzem o movimento dos corpos inertes. Muito
comuns.
Médiuns de translações e de suspensões: os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si mesmos. Mais ou menos raros, conforme a amplitude do fenômeno; muito raros, no último caso.
Médiuns de efeitos musicais: provocam a execução de composições, em certos instrumentos de música, sem contacto com estes. Muito raros.
Médiuns de aparições: os que podem provocar aparições fluídicas ou tangíveis, visíveis para os assistentes. Muito excepcionais.
Médiuns de transporte: os que podem servir de auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais.
Variedade dos médiuns motores e de translações. Excepcionais.
Médiuns noturnos: os que só na obscuridade obtêm certos efeitos físicos. É a seguinte a resposta que nos deu um Espírito à pergunta que fizemos sobre se se podem considerar esses médiuns como constituindo uma variedade:
"Certamente se pode fazer disso uma especialidade, mas esse fenômeno é devido
mais às condições ambientes do que à natureza do médium, ou dos Espíritos. Devo
acrescentar que alguns escapam a essa influência do meio e que os médiuns noturnos,
em sua maioria, poderiam chegar, pelo exercício, a operar tão bem no claro, quanto na
obscuridade. É pouco numerosa esta espécie de médiuns. E, cumpre dizê-lo, graças a
essa condição, que oferece plena liberdade ao emprego dos truques da ventriloquia e
dos tubos acústicos, é que os charlatães hão abusado muito da credulidade, fazendo-se
passar por médiuns, a fim de ganharem dinheiro. Mas, que importa? Os trampolineiros
de gabinete, como os da praça pública, serão cruelmente desmascarados e os Espíritos
lhes provarão que andam mal, imiscuindo-se na obra deles. Repito: alguns charlatães
receberão, de modo bastante rude, o castigo que os desgostará do oficio de falsos
médiuns. Aliás, tudo isso pouco durará." - ERASTO.
Médiuns pneumatógrafos os que obtêm a escrita direta. Fenômeno muito raro e, sobretudo, muito fácil de ser imitado pelos trapaceiros.
Os Espíritos insistiram, contra a nossa opinião, em incluir a escrita direta
entre os fenômenos de ordem física, pela razão, disseram eles, de que: "Os efeitos
inteligentes são aqueles para cuja produção o Espírito se serve dos materiais existentes no cérebro do médium, o que não se dá na escrita direta. A ação do médium é aqui toda material, ao passo que no médium escrevente, ainda que completamente mecânico, o cérebro desempenha sempre um papel ativo."
Médiuns curadores: os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece.
DOS MÉDIUNS ESPECIAIS
"Esta faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na todos os
verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação
do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de bons Espíritos."
Médiuns excitadores: pessoas que têm o poder de, por sua influência,
desenvolver nas outras a faculdade de escrever.
"Aí há antes um efeito magnético do que um caso de mediunidade propriamente
dita, porquanto nada prova a intervenção de um Espírito. Como quer que seja, pertence
à categoria dos efeitos físicos."
Médiuns especiais para efeitos intelectuais.
Aptidões diversas
Médiuns audientes: os que ouvem os Espíritos. Muito comuns.
"Muitos há que imaginam ouvir o que apenas lhes está na imaginação."
Médiuns falantes: os que falam sob a influência dos Espíritos. Muito comuns.
Médiuns videntes: os que, em estado de vigília, vêem os Espíritos. A visão acidental e fortuita de um Espírito, numa circunstância especial, é muito freqüente; mas,a visão habitual, ou facultativa dos Espíritos, sem distinção, é excepcional.
"É uma aptidão a que se opõe o estado atual dos órgãos visuais. Por isso é que
cumpre nem sempre acreditar na palavra dos que dizem ver os Espíritos."
Médiuns inspirados: aqueles a quem, quase sempre mau grado seu, os Espíritos sugerem idéias, quer relativas aos atos ordinários da vida, quer com relação aos grandes trabalhos da inteligência.
Médiuns de pressentimentos: pessoas que, em dadas circunstâncias, têm uma intuição vaga de coisas vulgares que ocorrerão no futuro.
Médiuns proféticos: variedade dos médiuns inspirados, ou de pressentimentos.
Recebem, permitindo-o Deus, com mais precisão do que os médiuns de
pressentimentos, a revelação de futuras coisas de interesse geral e são incumbidos de dálas a conhecer aos homens, para instrução destes.
"Se há profetas verdadeiros, mais ainda os há falsos, que consideram revelações
os devaneios da própria imaginação, quando não são embusteiros que, por ambição, se
apresentam como tais." (Veja-se, em O Livro dos Espíritos, o n. 624 - "Características do verdadeiro profeta".)
Médiuns sonâmbulos: os que, em estado de sonambulismo, são assistidos por Espíritos.
Médiuns extáticos: os que, em estado de êxtase, recebem revelações da parte dos Espíritos.
"Muitos extáticos são joguetes da própria imaginação e de Espíritos zombeteiros
que se aproveitam da exaltação deles. São raríssimos os que mereçam inteira confiança."
Médiuns pintores ou desenhistas: os que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos. Falamos dos que obtêm trabalhos sérios, visto não se poder dar esse nome a certos médiuns que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas, que desabonariam o mais atrasado estudante.
Os Espíritos levianos se comprazem em imitar. Na época em que apareceram os
notáveis desenhos de Júpiter, surgiu grande número de pretensos médiuns desenhistas,
que Espíritos levianos induziram a fazer as coisas mais ridículas. Um deles, entre outros, querendo eclipsar os desenhos de Júpiter, ao menos nas dimensões, quando não fosse na qualidade, fez que um médium desenhasse um monumento que ocupava muitas folhas de papel para chegar à altura de dois andares. Muitos outros se divertiram fazendo que os médiuns pintassem supostos retratos, que eram verdadeiras caricaturas. (Revue Spirite,agosto de 1858.)
Médiuns músicos: os que executam, compõem, ou escrevem músicas, sob a influência dos Espíritos. Há médiuns músicos, mecânicos, semimecânicos, intuitivos e inspirados, como os há para as comunicações literárias.
VARIEDADES DOS MÉDIUNS ESCREVENTES
1º - Segundo o modo de execução
Médiuns escreventes ou psicógrafos: os que têm a faculdade de escrever por si mesmos sob a influência dos Espíritos.
Médiuns escreventes mecânicos: aqueles cuja mão recebe um impulso
involuntário e que nenhuma consciência têm do que escrevem. Muito raros. (N. 179).
Médiuns semimecânicos: aqueles cuja mão se move involuntariamente, mas que têm, instantaneamente, consciência das palavras ou das frases, à medida que escrevem. São os mais comuns.
Médiuns intuitivos: aqueles com quem os Espíritos se comunicam pelo
pensamento e cuja mão é conduzida voluntariamente. Diferem dos médiuns inspirados
em que estes últimos não precisam escrever, ao passo que o médium intuitivo escreve o
pensamento que lhe é sugerido instantaneamente sobre um assunto determinado e
provocado.
"São muito comuns, mas também muito sujeitos a erro, por não poderem, multas
vezes, discernir o que provem dos Espíritos do que deles próprios emana."
Médiuns polígrafos: aqueles cuja escrita muda com o Espírito que se comunica,ou aptos a reproduzir a escrita que o Espírito tinha em vida. O primeiro caso é muito vulgar; o segundo, o da identidade da escrita, é mais raro.
Médiuns poliglotas: os que têm a faculdade de falar, ou escrever, em línguas que lhes são desconhecidas. Muito raros.
Médiuns iletrados: os que escrevem, como médiuns, sem saberem ler, nem escrever, no estado ordinário.
2º - Segundo o desenvolvimento da faculdade
Médiuns novatos: aqueles cujas faculdades ainda não estão completamente desenvolvidas e que carecem da necessária experiência.
Médiuns improdutivos: os que não chegam a obter mais do que coisas
insignificantes, monossílabos, traços ou letras sem conexão. (Veja-se o capítulo "Da
formação dos médiuns”.)
Médiuns feitos ou formados: aqueles cujas faculdades mediúnicas estão completamente desenvolvidas, que transmitem as comunicações com facilidade e
presteza, sem hesitação. Concebe-se que este resultado só pelo hábito pode ser
conseguido, porquanto nos médiuns novatos as comunicações são lentas e difíceis.
Médiuns lacônicos: aqueles cujas comunicações, embora recebidas com
facilidade, são breves e sem desenvolvimento.
Médiuns explícitos: as comunicações que recebem têm toda a amplitude e toda a extensão que se podem esperar de um escritor consumado.
"Esta aptidão resulta da expansão e da facilidade de combinação dos fluidos. Os
Espíritos os procuram para tratar de assuntos que comportam grandes
desenvolvimentos."
Médiuns experimentados: a facilidade de execução é uma questão de hábito e que muitas vezes se adquire em pouco tempo, enquanto que a experiência resulta de um estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam na prática do Espiritismo. A experiência dá ao médium o tato necessário para apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, para lhes apreciar as qualidades boas ou más, pelos mais minuciosos sinais, para distinguir o embuste dos Espíritos zombeteiros, que se acobertam com as aparências da verdade. Facilmente se compreende a importância desta qualidade, sem a qual todas as Outras ficam destituídas de real utilidade. O mal é que muitos médiuns confundem a experiência, fruto do estudo, com a aptidão, produto da organização física. Julgam-se mestres, porque escrevem com facilidade; repelem todos os conselhos e se tomam presas de Espíritos mentirosos e hipócritas, que os captam, lisonjeando-lhes o orgulho. (Veja-se, adiante, o capítulo "Da
obsessão".)
Médiuns maleáveis: aqueles cuja faculdade se presta mais facilmente aos diversos gêneros de comunicações e pelos quais todos os Espíritos, ou quase todos,podem manifestar-se, espontaneamente, ou por evocação.
"Esta espécie de médiuns se aproxima muito da dos médiuns sensitivos."
Médiuns exclusivos: aqueles pelos quais se manifesta de preferência um Espírito,até com exclusão de todos os demais, o qual responde pelos outros que são chamados.
"Isto resulta sempre de falta de maleabilidade. Quando o Espírito é bom, pode
ligar-se ao médium, por simpatia, ou com um intento louvável; quando mau, é sempre
objetivando pôr o médium na sua dependência. E mais um defeito do que uma qualidade
e muito próximo da obsessão." (Veja-se o capítulo "Da obsessão".)
Médiuns para evocação: os médiuns maleáveis são naturalmente os mais
próprios para este gênero de comunicação e para as questões de minudências que se
podem propor aos Espíritos. Sob este aspecto, há médiuns inteiramente especiais.
"As respostas que dão não saem quase nunca de um quadro restrito,
incompatível com o desenvolvimento dos assuntos gerais."
Médiuns para ditados espontâneos: recebem comunicações espontâneas de Espíritos que se apresentam sem ser chamados. Quando esta faculdade é especial num
médium, torna-se difícil, às vezes impossível mesmo, fazer-se por ele urna evocação.
"Entretanto, são mais bem aparelhados que os da classe precedente. Atenta em
que o aparelhamento de que aqui se trata é o de materiais do cérebro, pois mister se faz, freqüentemente, direi mesmo - sempre, maior soma de inteligência para os ditados espontâneos, do que para as evocações. Entende por ditados espontâneos os que verdadeiramente merecem essa denominação e não algumas frases incompletas ou algumas idéias corriqueiras, que se deparam em todos os escritos humanos."
diferentes espécies de médiuns.
Vamos fazer um resumo dos principais gêneros de mediunidade, a fim de
apresentarmos, por assim dizer, o quadro sinóptico de todas, compreendidas as que já
descrevemos nos capítulos precedentes, indicando o número onde tratamos de cada uma
com mais minúcias.
Grupamos as diferentes espécies de médiuns por analogia de causas e efeitos,
sem que esta classificação algo tenha de absoluto. Algumas se encontram com facilidade; outras, ao contrário, são raras e excepcionais, o que teremos o cuidado de indicar. Estas últimas indicações foram todas feitas pelos Espíritos, que, aliás, reviram este quadro com particular cuidado e o completaram por meio de numerosas observações e novas categorias, de sorte que o
dito quadro é, a bem dizer, obra deles. Mediante aspas, destacamos as suas observações textuais, sempre que nos pareceu conveniente assiná-las. São, na sua maioria, de Erasto e de Sócrates.
Podem dividir-se os médiuns em duas grandes categorias:
Médiuns de efeitos físicos, os que têm o poder de provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas.
Médiuns de efeitos intelectuais, os que são mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes.
Todas as outras espécies se prendem mais ou menos diretamente a uma ou outra
dessas duas categorias; algumas participam de ambas. Se analisarmos os diferentes
fenômenos produzidos sob a influência mediúnica, veremos que, em todos, há um efeito
físico e que aos efeitos físicos se alia quase sempre um efeito inteligente. Difícil é muitas vezes determinar o limite entre os dois, mas isso nenhuma conseqüência apresenta. Sob a denominação de médiuns de efeitos intelectuais abrangemos os que podem, mais particularmente, servir de intermediários para as comunicações regulares e fluentes.
Espécies comuns a todos os gêneros de mediunidade
Médiuns sensitivos: pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos, por uma impressão geral ou local, vaga ou material. A maioria dessas pessoas distingue os Espíritos bons dos maus, pela natureza da impressão. "Os médiuns delicados e muito sensitivos devem abster-se das comunicações com os Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí resulta."
Médiuns naturais ou inconscientes: os que produzem espontaneamente os fenômenos, sem intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia.
Médiuns facultativos ou voluntários: os que têm o poder de provocar os fenômenos por ato da própria vontade.
"Qualquer que seja essa vontade, eles nada podem, se os Espíritos se recusam, o
que prova a intervenção de uma força estranha."
Variedades especiais para os efeitos físicos
Médiuns tiptólogos: aqueles pela influência dos quais se produzem os ruídos, as pancadas. Variedade muito comum, com ou sem intervenção da vontade.
Médiuns motores: os que produzem o movimento dos corpos inertes. Muito
comuns.
Médiuns de translações e de suspensões: os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si mesmos. Mais ou menos raros, conforme a amplitude do fenômeno; muito raros, no último caso.
Médiuns de efeitos musicais: provocam a execução de composições, em certos instrumentos de música, sem contacto com estes. Muito raros.
Médiuns de aparições: os que podem provocar aparições fluídicas ou tangíveis, visíveis para os assistentes. Muito excepcionais.
Médiuns de transporte: os que podem servir de auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais.
Variedade dos médiuns motores e de translações. Excepcionais.
Médiuns noturnos: os que só na obscuridade obtêm certos efeitos físicos. É a seguinte a resposta que nos deu um Espírito à pergunta que fizemos sobre se se podem considerar esses médiuns como constituindo uma variedade:
"Certamente se pode fazer disso uma especialidade, mas esse fenômeno é devido
mais às condições ambientes do que à natureza do médium, ou dos Espíritos. Devo
acrescentar que alguns escapam a essa influência do meio e que os médiuns noturnos,
em sua maioria, poderiam chegar, pelo exercício, a operar tão bem no claro, quanto na
obscuridade. É pouco numerosa esta espécie de médiuns. E, cumpre dizê-lo, graças a
essa condição, que oferece plena liberdade ao emprego dos truques da ventriloquia e
dos tubos acústicos, é que os charlatães hão abusado muito da credulidade, fazendo-se
passar por médiuns, a fim de ganharem dinheiro. Mas, que importa? Os trampolineiros
de gabinete, como os da praça pública, serão cruelmente desmascarados e os Espíritos
lhes provarão que andam mal, imiscuindo-se na obra deles. Repito: alguns charlatães
receberão, de modo bastante rude, o castigo que os desgostará do oficio de falsos
médiuns. Aliás, tudo isso pouco durará." - ERASTO.
Médiuns pneumatógrafos os que obtêm a escrita direta. Fenômeno muito raro e, sobretudo, muito fácil de ser imitado pelos trapaceiros.
Os Espíritos insistiram, contra a nossa opinião, em incluir a escrita direta
entre os fenômenos de ordem física, pela razão, disseram eles, de que: "Os efeitos
inteligentes são aqueles para cuja produção o Espírito se serve dos materiais existentes no cérebro do médium, o que não se dá na escrita direta. A ação do médium é aqui toda material, ao passo que no médium escrevente, ainda que completamente mecânico, o cérebro desempenha sempre um papel ativo."
Médiuns curadores: os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece.
DOS MÉDIUNS ESPECIAIS
"Esta faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na todos os
verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação
do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de bons Espíritos."
Médiuns excitadores: pessoas que têm o poder de, por sua influência,
desenvolver nas outras a faculdade de escrever.
"Aí há antes um efeito magnético do que um caso de mediunidade propriamente
dita, porquanto nada prova a intervenção de um Espírito. Como quer que seja, pertence
à categoria dos efeitos físicos."
Médiuns especiais para efeitos intelectuais.
Aptidões diversas
Médiuns audientes: os que ouvem os Espíritos. Muito comuns.
"Muitos há que imaginam ouvir o que apenas lhes está na imaginação."
Médiuns falantes: os que falam sob a influência dos Espíritos. Muito comuns.
Médiuns videntes: os que, em estado de vigília, vêem os Espíritos. A visão acidental e fortuita de um Espírito, numa circunstância especial, é muito freqüente; mas,a visão habitual, ou facultativa dos Espíritos, sem distinção, é excepcional.
"É uma aptidão a que se opõe o estado atual dos órgãos visuais. Por isso é que
cumpre nem sempre acreditar na palavra dos que dizem ver os Espíritos."
Médiuns inspirados: aqueles a quem, quase sempre mau grado seu, os Espíritos sugerem idéias, quer relativas aos atos ordinários da vida, quer com relação aos grandes trabalhos da inteligência.
Médiuns de pressentimentos: pessoas que, em dadas circunstâncias, têm uma intuição vaga de coisas vulgares que ocorrerão no futuro.
Médiuns proféticos: variedade dos médiuns inspirados, ou de pressentimentos.
Recebem, permitindo-o Deus, com mais precisão do que os médiuns de
pressentimentos, a revelação de futuras coisas de interesse geral e são incumbidos de dálas a conhecer aos homens, para instrução destes.
"Se há profetas verdadeiros, mais ainda os há falsos, que consideram revelações
os devaneios da própria imaginação, quando não são embusteiros que, por ambição, se
apresentam como tais." (Veja-se, em O Livro dos Espíritos, o n. 624 - "Características do verdadeiro profeta".)
Médiuns sonâmbulos: os que, em estado de sonambulismo, são assistidos por Espíritos.
Médiuns extáticos: os que, em estado de êxtase, recebem revelações da parte dos Espíritos.
"Muitos extáticos são joguetes da própria imaginação e de Espíritos zombeteiros
que se aproveitam da exaltação deles. São raríssimos os que mereçam inteira confiança."
Médiuns pintores ou desenhistas: os que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos. Falamos dos que obtêm trabalhos sérios, visto não se poder dar esse nome a certos médiuns que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas, que desabonariam o mais atrasado estudante.
Os Espíritos levianos se comprazem em imitar. Na época em que apareceram os
notáveis desenhos de Júpiter, surgiu grande número de pretensos médiuns desenhistas,
que Espíritos levianos induziram a fazer as coisas mais ridículas. Um deles, entre outros, querendo eclipsar os desenhos de Júpiter, ao menos nas dimensões, quando não fosse na qualidade, fez que um médium desenhasse um monumento que ocupava muitas folhas de papel para chegar à altura de dois andares. Muitos outros se divertiram fazendo que os médiuns pintassem supostos retratos, que eram verdadeiras caricaturas. (Revue Spirite,agosto de 1858.)
Médiuns músicos: os que executam, compõem, ou escrevem músicas, sob a influência dos Espíritos. Há médiuns músicos, mecânicos, semimecânicos, intuitivos e inspirados, como os há para as comunicações literárias.
VARIEDADES DOS MÉDIUNS ESCREVENTES
1º - Segundo o modo de execução
Médiuns escreventes ou psicógrafos: os que têm a faculdade de escrever por si mesmos sob a influência dos Espíritos.
Médiuns escreventes mecânicos: aqueles cuja mão recebe um impulso
involuntário e que nenhuma consciência têm do que escrevem. Muito raros. (N. 179).
Médiuns semimecânicos: aqueles cuja mão se move involuntariamente, mas que têm, instantaneamente, consciência das palavras ou das frases, à medida que escrevem. São os mais comuns.
Médiuns intuitivos: aqueles com quem os Espíritos se comunicam pelo
pensamento e cuja mão é conduzida voluntariamente. Diferem dos médiuns inspirados
em que estes últimos não precisam escrever, ao passo que o médium intuitivo escreve o
pensamento que lhe é sugerido instantaneamente sobre um assunto determinado e
provocado.
"São muito comuns, mas também muito sujeitos a erro, por não poderem, multas
vezes, discernir o que provem dos Espíritos do que deles próprios emana."
Médiuns polígrafos: aqueles cuja escrita muda com o Espírito que se comunica,ou aptos a reproduzir a escrita que o Espírito tinha em vida. O primeiro caso é muito vulgar; o segundo, o da identidade da escrita, é mais raro.
Médiuns poliglotas: os que têm a faculdade de falar, ou escrever, em línguas que lhes são desconhecidas. Muito raros.
Médiuns iletrados: os que escrevem, como médiuns, sem saberem ler, nem escrever, no estado ordinário.
2º - Segundo o desenvolvimento da faculdade
Médiuns novatos: aqueles cujas faculdades ainda não estão completamente desenvolvidas e que carecem da necessária experiência.
Médiuns improdutivos: os que não chegam a obter mais do que coisas
insignificantes, monossílabos, traços ou letras sem conexão. (Veja-se o capítulo "Da
formação dos médiuns”.)
Médiuns feitos ou formados: aqueles cujas faculdades mediúnicas estão completamente desenvolvidas, que transmitem as comunicações com facilidade e
presteza, sem hesitação. Concebe-se que este resultado só pelo hábito pode ser
conseguido, porquanto nos médiuns novatos as comunicações são lentas e difíceis.
Médiuns lacônicos: aqueles cujas comunicações, embora recebidas com
facilidade, são breves e sem desenvolvimento.
Médiuns explícitos: as comunicações que recebem têm toda a amplitude e toda a extensão que se podem esperar de um escritor consumado.
"Esta aptidão resulta da expansão e da facilidade de combinação dos fluidos. Os
Espíritos os procuram para tratar de assuntos que comportam grandes
desenvolvimentos."
Médiuns experimentados: a facilidade de execução é uma questão de hábito e que muitas vezes se adquire em pouco tempo, enquanto que a experiência resulta de um estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam na prática do Espiritismo. A experiência dá ao médium o tato necessário para apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, para lhes apreciar as qualidades boas ou más, pelos mais minuciosos sinais, para distinguir o embuste dos Espíritos zombeteiros, que se acobertam com as aparências da verdade. Facilmente se compreende a importância desta qualidade, sem a qual todas as Outras ficam destituídas de real utilidade. O mal é que muitos médiuns confundem a experiência, fruto do estudo, com a aptidão, produto da organização física. Julgam-se mestres, porque escrevem com facilidade; repelem todos os conselhos e se tomam presas de Espíritos mentirosos e hipócritas, que os captam, lisonjeando-lhes o orgulho. (Veja-se, adiante, o capítulo "Da
obsessão".)
Médiuns maleáveis: aqueles cuja faculdade se presta mais facilmente aos diversos gêneros de comunicações e pelos quais todos os Espíritos, ou quase todos,podem manifestar-se, espontaneamente, ou por evocação.
"Esta espécie de médiuns se aproxima muito da dos médiuns sensitivos."
Médiuns exclusivos: aqueles pelos quais se manifesta de preferência um Espírito,até com exclusão de todos os demais, o qual responde pelos outros que são chamados.
"Isto resulta sempre de falta de maleabilidade. Quando o Espírito é bom, pode
ligar-se ao médium, por simpatia, ou com um intento louvável; quando mau, é sempre
objetivando pôr o médium na sua dependência. E mais um defeito do que uma qualidade
e muito próximo da obsessão." (Veja-se o capítulo "Da obsessão".)
Médiuns para evocação: os médiuns maleáveis são naturalmente os mais
próprios para este gênero de comunicação e para as questões de minudências que se
podem propor aos Espíritos. Sob este aspecto, há médiuns inteiramente especiais.
"As respostas que dão não saem quase nunca de um quadro restrito,
incompatível com o desenvolvimento dos assuntos gerais."
Médiuns para ditados espontâneos: recebem comunicações espontâneas de Espíritos que se apresentam sem ser chamados. Quando esta faculdade é especial num
médium, torna-se difícil, às vezes impossível mesmo, fazer-se por ele urna evocação.
"Entretanto, são mais bem aparelhados que os da classe precedente. Atenta em
que o aparelhamento de que aqui se trata é o de materiais do cérebro, pois mister se faz, freqüentemente, direi mesmo - sempre, maior soma de inteligência para os ditados espontâneos, do que para as evocações. Entende por ditados espontâneos os que verdadeiramente merecem essa denominação e não algumas frases incompletas ou algumas idéias corriqueiras, que se deparam em todos os escritos humanos."
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