domingo, 17 de outubro de 2010

Cap. XVI - Médiuns Especiais ( segunda parte)

3º - Segundo o gênero e a particularidade das comunicações

Médiuns versejadores: obtêm, mais facilmente do que outros, comunicações em verso. Muito comuns, para maus versos; muito raros, para versos bons.

Médiuns poéticos: sem serem versificadas, as comunicações que recebem têm qualquer coisa de vaporoso, de sentimental; nada que mostre rudeza. São, mais do que os outros, próprios para a expressão de sentimentos ternos e afetuosos. Tudo, nas suas comunicações, é vago; fora inútil pedir-lhes idéias precisas. Muito comuns.

Médiuns positivos: suas comunicações têm, geralmente, um cunho de nitidez e precisão, que muito se presta às minúcias circunstanciadas, aos informes exatos. Muitoraros.

Médiuns literários: não apresentam nem o que há de impreciso nos médiuns poéticos,nem o terra-a-terra dos médiuns positivos; porém, dissertam com sagacidade. Têm o estilo correto, elegante e, freqüentemente, de notável eloqüência.

Médiuns incorretos: podem obter excelentes coisas, pensamentos de inatacável moralidade, mas num estilo prolixo, incorreto, sobrecarregado de repetições e de termos impróprios.
"A incorreção material do estilo decorre geralmente de falta de cultura
intelectual do médium que, então, não é, sob esse aspecto, um bom instrumento para o
Espírito, que a isso, aliás, pouca importância liga. Tendo como essencial o pensamento,ele vos deixa a liberdade de dar lhe a forma que convenha. Já assim não é com relação às idéias falsas e ilógicas que uma
comunicação possa conter, as quais constituem sempre um índice da inferioridade do
Espírito que se manifesta."

Médiuns historiadores: os que revelam aptidão especial para as explanações históricas. Esta faculdade, como todas as demais, independe dos conhecimentos do médium, porquanto não é raro verem-se pessoas sem instrução e até crianças tratar de assuntos que lhes não estão ao alcance. Variedade rara dos médiuns positivos.

Médiuns científicos: não dizemos sábios, porque podem ser muito ignorantes e, apesar disso, se mostram especialmente aptos para comunicações relativas às ciências.

Médiuns receitistas: têm a especialidade de servirem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos para as prescrições médicas. Importa não os confundir com os médiuns curadores, visto que absolutamente não fazem mais do que transmitir o pensamento do Espírito, sem exercerem por si mesmos influência alguma. Muito comuns.

Médiuns religiosos: recebem especialmente comunicações de caráter religioso,ou que tratam de questões religiosas, sem embargo de suas crenças, ou hábitos.

Médiuns filósofos e moralistas: as comunicações que recebem têm geralmente por objeto as questões de moral e de alta filosofia. Muito comuns, quanto à moral.

"Todos estes matizes constituem variedades de aptidões dos médiuns bons.
Quanto aos que têm uma aptidão especial para comunicações científicas, históricas,
médicas e outras, fora do alcance de suas especialidades atuais, fica certo de que
possuíram, em anterior existência, esses conhecimentos, que permaneceram neles em
estado latente, fazendo parte dos materiais cerebrais de que necessita o Espírito que se manifesta; são os elementos que a este abrem caminho para a transmissão de idéias que lhe são próprias, porquanto, em tais médiuns encontra ele instrumentos mais inteligentes e mais maleáveis do que num ignaro." - (Erasto.)

Médiuns de comunicações triviais e obscenas: estas palavras indicam o gênero de comunicações que alguns médiuns recebem habitualmente e a natureza dos Espíritos que as dão. Quem haja estudado o mundo espírita, em todos os graus da escala, sabe que Espíritos há, cuja perversidade iguala à dos homens mais depravados e que se comprazem em exprimir seus pensamentos nos mais grosseiros termos. Outros,, menos abjetos, se contentam com expressões triviais. E natural que esses médiuns sintam o desejo de se verem livres da preferência de que são objeto por parte de semelhantes Espíritos e que devem invejar os que, nas comunicações que recebem, jamais escreveram uma palavra inconveniente.
Fora necessário uma estranha aberração de idéias e estar divorciado do bom senso, para acreditar que semelhante linguagem possa ser usada por Espíritos bons.

4º - Segundo as qualidades físicas do médium

Médiuns calmos: escrevem sempre com certa lentidão e sem experimentar a mais ligeira agitação.

Médiuns velozes: escrevem com rapidez maior do que poderiam
voluntariamente, no estado ordinário. Os Espíritos se comunicam por meio deles com a
rapidez do relâmpago. Dir-se-ia haver neles uma superabundância de fluido, que lhes
permite identificarem-se instantaneamente com o Espírito. Esta qualidade apresenta às
vezes seu inconveniente: o de que a rapidez da escrita a toma muito difícil de ser lida, por quem quer que não seja o médium.
"É mesmo muito fatigante, porque desprende muito fluido inutilmente."

Médiuns convulsivos: ficam num estado de sobreexcitação quase febril. A mão e algumas vezes todo o corpo se lhes agitam num tremor que é impossível dominar. A causa primária desse fato está sem dúvida na organização, mas também depende muito da natureza dos Espíritos que por eles se comunicam. Os bons e benévolos produzem sempre uma impressão suave e agradável; os maus, ao contrário, produzem-na penosa.
"É preciso que esses médiuns só raramente se sirvam de sua faculdade
mediúnica, cujo uso freqüente lhes poderia afetar o Sistema nervoso." (Capítulo "Da
identidade dos Espíritos", diferenciação dos bons e maus Espíritos.)

5º - Segundo as qualidades morais dos médiuns

Mencionamo-las sumariamente e de memória, apenas para completar o quadro,
visto que serão desenvolvidas adiante, nos capítulos: Da influência moral do médium,
Da obsessão, Da identidade dos Espíritos e outros, para os quais chamamos
particularmente a atenção do leitor. Aí se verá a influência que as qualidades e os
defeitos dos médiuns pode exercer na segurança das comunicações e quais os que com
razão se podem considerar médiuns imperfeitos ou bons médiuns.

Médiuns imperfeitos

Médiuns obsidiados: os que não podem desembaraçar-se de Espíritos
importunos e enganadores, mas não se iludem.

Médiuns fascinados: os que são iludidos por Espíritos enganadores e se iludem sobre a natureza das comunicações que recebem.

Médiuns subjugados: os que sofrem uma dominação moral e, muitas vezes,material da parte de maus Espíritos.

Médiuns levianos: os que não tomam a sério suas faculdades e delas só se servem por divertimento, ou para futilidades.

Médiuns indiferentes: os que nenhum proveito moral tiram das instruções que obtêm e em nada modificam o proceder e os hábitos.

Médiuns presunçosos: os que têm a pretensão de se acharem em relação
somente com Espíritos superiores. Crêem-se infalíveis e consideram inferior e errôneo
tudo o que deles não provenha.

Médiuns orgulhosos: os que se envaidecem das comunicações que lhes são dadas; julgam que nada mais têm que aprender no Espiritismo e não tomam para si as lições que recebem freqüentemente dos Espíritos. Não se contentam com as faculdades que possuem, querem tê-las todas.

Médiuns suscetíveis: variedade dos médiuns orgulhosos, suscetibilizam-se com as críticas de que sejam objeto suas comunicações; zangam-se com a menor contradição e, se mostram o que obtêm, é para que seja admirado e não para que se lhes dê um parecer. Geralmente, tomam aversão às pessoas que os não aplaudem sem restrições e fogem das reuniões onde não possam impor-se e dominar.
"Deixai que se vão pavonear algures e procurar ouvidos mais complacentes, ou
que se isolem; nada perdem as reuniões que da presença deles ficam privadas." -
ERASTO.

Médiuns mercenários: os que exploram suas faculdades.

Médiuns ambiciosos: os que, embora não mercadejem com as faculdades que possuem, esperam tirar delas quaisquer vantagens.

Médiuns de má-fé: os que, possuindo faculdades reais, simulam as de que carecem, para se darem importância. Não se podem designar pelo nome de médium as
pessoas que, nenhuma faculdade mediúnica possuindo, só produzem certos efeitos por
meio da charlatanaria.

Médiuns egoístas: os que somente no seu interesse pessoal se servem de suas faculdades e guardam para si as comunicações que recebem.

Médiuns invejosos: os que se mostram despeitados com o maior apreço
dispensado a outros médiuns, que lhes são superiores.
Todas estas más qualidades têm necessariamente seu oposto no bem.

Bons médiuns

Médiuns sérios: os que unicamente para o bem se servem de suas faculdades e para fins verdadeiramente úteis. Acreditam profaná-las, utilizando-se delas para satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futilidades.

Médiuns modestos: os que nenhum reclamo fazem das comunicações que
recebem, por mais belas que sejam. Consideram-se estranhos a elas e não se julgam ao
abrigo das mistificações. Longe de evitarem as opiniões desinteressadas, solicitam-nas.

Médiuns devotados: os que compreendem que o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando necessário, sacrificar gostos, hábitos, prazeres, tempo e mesmo interesses materiais ao bem dos outros.

Médiuns seguros: os que, além da facilidade de execução, merecem toda a confiança, pelo próprio caráter, pela natureza elevada dos Espíritos que os assistem; os que, portanto, menos expostos se acham a ser iludidos. Veremos mais tarde que esta segurança de modo 'algum depende dos nomes mais ou menos respeitáveis com que os Espíritos se manifestem.
"É incontestável, bem o sentis, que, epilogando assim as qualidades e os defeitos
dos médiuns, isto suscitará contrariedades e até a animosidade de alguns; mas, que
importa? A mediunidade se espalha cada vez mais e o médium que levasse a mal estas
reflexões, apenas uma coisa provaria: que não é bom médium, isto é, que tem a assisti-lo Espíritos maus. Ao demais, como já eu disse, tudo isto será passageiro e os maus médiuns, os que abusam, ou usam mal de suas faculdades, experimentarão tristes conseqüências, conforme já se tem dado com alguns. Aprenderão à sua custa o que resulta de aplicarem, no interesse de suas paixões terrenas, um dom que Deus lhes outorgara unicamente para o adiantamento moral deles. Se os não puderdes reconduzir ao bom caminho, lamentai-os, porquanto, posso dizê-lo, Deus os reprova." - (ERASTO.)
"Este quadro é de grande importância, não si para os médiuns sinceros que,
lendo-o, procurarem de boa-fé preservar-se dos escolhos a que estão expostos, mas
também para todos os que se servem dos médiuns, porque lhes dará a medida do que
podem racionalmente esperar. Ele deverá estar constantemente sob as vistas de todo
aquele que se ocupa de manifestações, do mesmo modo que a escala espírita, a que
serve de complemento. Esses dois quadros reúnem todos os princípios da Doutrina e contribuirão, mais do que o supondes, para trazer o Espiritismo ao
verdadeiro caminho." (SÓCRATES.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário