sexta-feira, 22 de outubro de 2010

As rupturas nos Centros Espíritas são o fim ou um novo começo?

Nós não fomos educados para lidar de uma maneira saudável com as separações. Que elas doem e sempre vão doer isso não há dúvida, faz parte do nosso desenvolvimento. Entretanto, as formas como as rupturas são feitas, deixando marcas e traumas emocionais, é que deve ser alvo de uma reflexão e de um preparo de nossa parte, para que alcance o significado de encerramento de ciclo, fechamento de experiências.
Já nascemos nos separando do útero materno e morremos nos separando do corpo físico. A separação faz parte do nosso desenvolvimento espiritual, psicológico, emocional e social.
Como não fomos educados para pensar desse jeito, nos apegamos a relações, idéias, compromissos e conceitos que, muitas vezes, já não tem nenhum sentido no crescimento e nos tornamos escravos de nossos próprios apegos.
Se colocarmos a palavra mudança ou renovação no lugar da palavra separação, veremos que tudo fica mais compreensível porque separação necessariamente não significa desligar de quem amamos ou daquilo que gostamos e nos faz bem para avançar. O que, em muitas situações somos chamados a rever são os nossos vínculos com relações, idéias, compromissos e conceitos.
O apego é causa de sofrimento já afirmava Buda. Apego é paralisia do nosso modo de ver e viver. Portanto, separar nessa ótica significa abandonar o que não serve mais e fazer de um modo novo, recomeçar. Claro que, muitas dessas reciclagens vão exigir separar no seu sentido literal de distanciamento.
No caso do livro “Quem Perdoa Liberta”, o autor José Mario, faz uma análise sobre a ruptura ocorrida no Grupo X, Centro Espírita no qual se passa o enredo, e nos mostra que aquele grupo iria mesmo se separar, distanciar, mas a forma como isso foi feito é que constituiu um problema. Os integrantes se separaram com mágoas, arrependimentos, muitas culpas e com uma nítida sensação de fracasso. A arrogância de seus membros em não reconhecer suas falhas, seus excessos e seu personalismo provocou uma ruptura dolorosa entre pessoas que tinham laços afetivos bons e promissores.
Ainda assim, a visão do autor espiritual é complacente, amorosa, mostrando que mesmo esse tipo de ruptura não é o fim, mas um novo começo para todos. Poderiam ser evitadas as dores voluntárias, poderiam ser evitados os momentos difíceis e se não foram certamente servirão de lições para o futuro.
No caso do Grupo X, a grande vantagem de seus componentes é que havia um clima de muita sinceridade de intenções. E, nesse contexto, mesmo havendo dores voluntárias, as pessoas costumam assimilar com bom proveito as lições da dor que poderia ser evitada, fazendo avaliações honestas para não repetirem os mesmos erros no futuro.
Tão pior que as rupturas mal encerradas é também ficar junto em uma convivência muito idealizada, recheada de expectativas e negar os próprios sentimentos. Tem muitos grupos fazendo isso. Vivem negando o que sentem porque não sabem como gerenciar o que sentem uns em relação aos outros. Agüentam tudo em nome de um amor fictício, são magoados e dizem que perdoam através de abraços que, por si só, nem sempre renovam o que vai ao coração.
Conclusão: somos muito imaturos ainda na arte de conviver!
Muitos Centros Espíritas que acordaram para esse assunto estão estudando o primeiro livro dessa trilogia do autor espiritual José Mario, cujo título é “Quem sabe pode muito. Quem ama pode mais.” E, os grupos que tomaram essa iniciativa têm apresentado ótimos resultados através de seus relatos.
Grupos(Centros Espíritas) que realmente querem avançar vão precisar muito desse tipo de caridade com seus próprios integrantes, e entender que, se somos ainda tão imaturos, será muito oportuno que façamos alguma coisa por nós.
E você já pensou nesse assunto em seu grupo?


Texto de Wanderley de Oliveira.

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