sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - Allan Kardec -

1. Os Espíritos do Senhor espalham-se por toda a superfície da Terra e, como estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos ce­gos. São chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabele­cidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos. As grandes vozes do Céu ressoam e os cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos para o divino concerto. Fazei uníssonas vossas vozes. Que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam em todo o Universo. Homens, irmãos a quem amamos, estamos junto de vós. Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do fundo do coração, fazendo as vontades do Pai, que está no Céu: Senhor! Se­nhor!... e podereis entrar no reino dos Céus. (Prefácio, O Espírito de Verdade)


2. Diante desse código divino -- o ensino moral trazido por Jesus -- a própria incredulidade se curva. Para os homens, em particular, constitui esse código uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. É ele o roteiro infalí­vel para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. (Introdução, item I)

3. Reunimos nesta obra os artigos que podem compor, a bem dizer, um có­digo de moral universal, sem distinção de culto. Em vez, porém, de nos atermos a uma ordem cronológica impossível e sem vantagem real para o caso, grupamos e classificamos metodicamente as máximas, segundo as res­pectivas naturezas, de modo que decorram umas das outras, tanto quanto possível. (Introdução, item I)

4. Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. Essa chave se encontra toda no Espiritismo. (Introdução, item I)

5. O Espiritismo se nos depara por toda a parte na Antigüidade e nas di­ferentes épocas da Humanidade. Por toda a parte se lhe descobrem os ves­tígios: nos escritos, nas crenças e nos monumentos. Essa a razão por que, ao mesmo tempo que rasga horizontes novos para o futuro, projeta luz não menos viva sobre os mistérios do passado. (Introdução, item I)

6. Como complemento de cada preceito, acrescentamos algumas instruções escolhidas, dentre as que os Espíritos ditaram em vários países e por di­ferentes médiuns. Se elas fossem tiradas de uma fonte única, talvez ti­vessem sofrido uma influência pessoal, ou do meio, enquanto a diversidade de origens prova que os Espíritos dão indistintamente seus ensinos e que ninguém a esse respeito goza de qualquer privilégio. (Introdução, item I)

7. Graças às relações estabelecidas, doravante e permanentemente, entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, que os próprios Espíri­tos ensinaram a todas as nações, já não será letra morta, porque cada um a compreenderá e se verá incessantemente compelido a pô-la em prática, a conselho de seus guias espirituais. As instruções que promanam dos Espí­ritos são verdadeiramente as vozes do Céuque vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho. (Introdução, item I)

8. Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens por mais rápido ca­minho e mais autêntico. Incumbiu, pois, os Espíritos de levá-la de um pólo a outro, manifestando-se por toda a parte, sem conferir a ninguém o privilégio de lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser ludibriado, pode enganar-se a si mesmo; já não será assim, quando milhões de criaturas vêem e ouvem a mesma coisa. Constitui isso uma garantia para cada um e para todos. (Introdução, item II)

9. Podem queimar-se os livros, mas não se podem queimar os Espíritos. Ora, se se queimassem todos os livros, a fonte da doutrina não deixaria de conservar-se inexaurível, porque ela não está na Terra, porque surge em todos os lugares e porque todos podem dessedentar-se nela. Se faltarem os homens para difundi-la, haverá sempre os Espíritos, cuja atuação a to­dos atinge e aos quais ninguém pode atingir. (Introdução, item II)

10. Os Espíritos se comunicam em todos os pontos da Terra, a todos os po­vos, a todas as seitas, a todos os partidos, e todos os aceitam. O Espi­ritismo não tem nacionalidade e não faz parte de nenhum culto existente; nenhuma classe social o impõe, visto que qualquer pessoa pode receber instruções de seus parentes e amigos de além-túmulo. E é preciso que seja assim, para que ele possa conduzir todos os homens à fraternidade. (Introdução, item II)

11. Nessa universalidade do ensino dos Espíritos reside a força do Espi­ritismo e, também, a causa de sua tão rápida propagação. Enquanto a pa­lavra de um só homem, mesmo com o concurso da imprensa, levaria séculos para chegar ao conhecimento de todos, milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente em todos os recantos do planeta, proclamando os mesmos princípios e transmitindo-os aos mais ignorantes, como aos mais doutos, a fim de que não haja deserdados. (Introdução, item II)

12. Sabemos que os Espíritos, em virtude da diversidade de suas capacida­des, longe estão, individualmente considerados, da posse de toda a ver­dade. Daí resulta que, com relação a tudo o que seja fora do âmbito do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um possa receber te­rão caráter individual, sem cunho de autenticidade e devem ser considera­das opiniões pessoais, sendo imprudente aceitá-las e propagá-las leviana­mente como verdades absolutas. (Introdução, item II)

13. O primeiro exame comprobativo é, pois, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos. Toda teoria em ma­nifesta contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os da­dos positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura. (Introdução, item II)

14. A concordância no que ensinem os Espíritos é, pois, a melhor compro­vação. Mas importa que ela se dê em determinadas condições. (Introdução, item II)

15. Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concor­dância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, ser­vindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. (Introdução, item II)
  16. Prova a experiência que, quando um princípio novo tem de ser enun­ciado, isso se dáespontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo idêntico, senão quanto à forma, quanto ao fundo. (Introdução, item II)
17. Na posição em que nos encontramos, a receber comunicações de perto de mil centros espíritas sérios, disseminados pelos mais diversos pontos da Terra, achamo-nos em condições de observar sobre que princípio se estabe­lece a concordância. Essa observação é que nos tem guiado até hoje e é a que nos guiará em novos campos que o Espiritismo terá de explorar. (Introdução, item II)

18. Essa verificação universal constitui uma garantia para a unidade fu­tura do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. Aí é que, no porvir, se encontrará o critério da verdade. O que deu lugar ao êxito da doutrina exposta em "O Livro dos Espíritos" e em "O Livro dos Médiuns" foi que em toda parte todos receberam diretamente dos Espíritos a confir­mação do que esses livros contêm. (Introdução, item II)

19. O princípio da concordância é também uma garantia contra as alterações que poderiam sujeitar o Espiritismo às seitas que se propusessem apoderar-se dele em proveito próprio e acomodá-lo à vontade. (Introdução, item II)

20. Decorre de tudo isso que as instruções dadas pelos Espíritos sobre os pontos ainda não elucidados pela Doutrina não constituirão lei, enquanto essas instruções permanecerem insuladas, e que elas não devem, por conse­guinte, ser aceitas senão sob todas as reservas e a título de esclareci­mento. (Introdução, item II)   21. Os Espíritos superiores procedem com extrema sabedoria em suas revelações. Não atacam as grandes questões da doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência se mostra apta a compreender verdade de ordem mais elevada e quando as circunstâncias se revelam propícias à emissão de uma idéia nova. (Introdução, item II)

22. Não será à opinião de um homem que se aliarão os outros, mas à voz unânime dos Espíritos; não será um homem, nem nós, nem qualquer outro que fundará a ortodoxia espírita; tampouco será um Espírito que se venha im­por a quem quer que seja: será a universalidade dos Espíritos que se co­municam em toda a Terra, por ordem de Deus. Esse o caráter essencial da Doutrina Espírita; essa a sua força, a sua autoridade. (Introdução, item II)

23. Os essênios ou esseus pertencem a uma seita judia fundada cerca do ano 150 a.C., ao tempo dos Macabeus, cujos membros, habitando uma espécie de mosteiro, formavam entre si uma como associação moral e religiosa. Com costumes brandos e austeras virtudes, ensinavam o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma e a ressurreição. Os essênios viviam em celibato, condenavam a escravidão e a guerra, punham seus bens em comu­nhão e se entregavam à agricultura. (Introdução, item III)

24. Contrários aos saduceus sensuais, que negavam a imortalidade, e aos fariseus, apegados a rígidas práticas exteriores, os essênios, pelo gê­nero de vida que levavam, assemelhavam-se muito aos primeiros cristãos. Dizem que Jesus pertencera a essa comunidade, mas, se é certo que ele há de tê-la conhecido, nada prova que se lhe houvesse filiado. (Introdução, item III)   25. Nazareno era o nome dado, na antiga lei, aos judeus que faziam voto de guardar perfeita pureza. Os nazarenos comprometiam-se a observar a castidade, a abster-se de bebidas alcoólicas e a conservar a cabeleira. Sansão, Samuel e João Batista eram nazarenos. Os judeus deram esse nome aos primeiros cristãos, por alusão a Jesus de Nazaré. (Introdução, item III)

26. Portageiros eram arrecadadores de baixa categoria, incumbidos princi­palmente da cobrança dos direitos de entrada nas cidades. Suas funções correspondiam mais ou menos à dos empregados de alfândega. (Introdução, item III)

27. Publicanos eram, na antiga Roma, os cavalheiros arrendatários das taxas públicas, incumbidos da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie, quer em Roma, quer em outras cidades do Império Romano. O nome publicano se estendeu mais tarde a todos os que superintendiam os dinhei­ros públicos e aos agentes subalternos. Os judeus os desprezavam, porque abominavam o pagamento de impostos a Roma. (N.R.: Levi, também conhecido como Mateus, o evangelista, era publicano.) (Introdução, item III)

28. Sinagogas eram edifícios onde os judeus se reuniam aos sábados, para fazer preces públicas, sob a chefia dos anciãos, dos escribas, ou dos doutores da Lei. Nelas se realizavam também leituras dos livros sagrados, seguidas de explicações e comentários, atividades das quais qualquer pes­soa podia participar. Por isso é que Jesus, sem ser sacerdote, ensinava aos sábados nas sinagogas. O único templo que havia na Judéia era o tem­plo de Salomão, erguido em Jerusalém, onde se celebravam as grandes ceri­mônias do culto e as festas principais, como as da Páscoa, da Dedicação e dos Tabernáculos. (Introdução, item III)   29. Os Terapeutas eram judeus sectários contemporâneos de Jesus, estabe­lecidos principalmente em Alexandria, no Egito. Tinham relação com os es­sênios, cujos princípios adotavam, aplicando-se como esses últimos à prá­tica de todas as virtudes. Eram de extrema frugalidade na alimentação, celibatários e votados à contemplação e à vida solitária. S. Jerônimo e outros Pais da Igreja pensavam que eles fossem cristãos. Na verdade, os Terapeutas representam o traço de união entre o Judaísmo e o Cristia­nismo. (Introdução, item III)Londrina, junho de 2004

Astolfo O. de Oliveira Filho

O Evangelho segundo o Espiritismo

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