Para que na Terra sejam
felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e
desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande
emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal,
ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do
planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo
perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o
endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças
terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais
levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar.
Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a
paz e a fraternidade.
A Terra, no dizer dos
Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de
súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do
mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das
coisas.
Tudo, pois, se processará
exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma
parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em
cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que
antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao
bem.
Muito menos, pois, se trata de
uma nova geração corpórea, do que de uma nova geração de Espíritos. Sem dúvida,
neste sentido é que Jesus entendia as coisas, quando declarava: “Digo-vos, em
verdade, que esta geração não passará sem que estes fatos tenham ocorrido.”
Assim, decepcionados ficarão os que contem ver a transformação operar-se por
efeitos sobrenaturais e maravilhosos.
A época atual é de transição;
confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio,
assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no
mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares.
Têm ideias e pontos de vista
opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais,
porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir
a qual das duas pertence cada indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do
progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente
precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que
constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se
comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já
tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias
progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.
O que, ao contrário, distingue
os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se
negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão
instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de
egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tudo o que é
material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
Desses vícios é que a Terra
tem de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se;
porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contato com
eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se
achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes
está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua
perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o
acesso aos mundos superiores.
(Cap. XVIII do livro A GÊNESE,
de Allan Kardec, 1868)
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